Shake de hortelã

O concurso de shake que meu filho orquestrava com os amigos na época do colegial tinha repercussões catastróficas para minha cozinha. No entanto, o evento que digeria o stress do final de semestre, rendeu memoráveis e deploráveis receitas. As regras eram elásticas, iam desde o requinte preciso na reprodução dos clássicos até misturas impensáveis como um resto de torta holandesa remanescente na geladeira. O sorvete era imprescindível e o ato de shake (bater em inglês) convocavam um exército de liquidificadores espalhados aleatoriamente pela cozinha. Ás vezes, eles ficavam numa formação quase militar, num verdadeiro pé de guerra.

Sempre saiam 2 vencedores: o melhor e o pior. Ser o pior tem lá seus encantos, pois não é tão fácil derrotar o sabor dos sorvetes. Depois do julgamento e da premiação, na qual sempre fui convocada como júri, eu proclamava ao bando que pegassem em armas: vassouras, panos de chão e muito detergente para que se transformassem num verdadeiro Exército de Brancaleone. A missão era deixar minha cozinha pronta para próxima cruzada.

Boas receitas vieram daqueles tempos e ainda praticamos algumas, como essa. Mais do que isso, temos memórias recheadas de sabores, aromas e muita comoção que certamente compõe a alma dos participantes até hoje.