Shake de cappuccino com figo em calda

Figo é a fruta que mais me dá água na boca. A pele fina é facilmente rasgada pelos dentes e que, na primeira mordida, já espalha diversas camadas de sabores. As sementes são levemente adocicadas. Hmm! Toda vez que penso na fruta, imagino o conto árabe “Mil e uma noites” e os castelos de Persépolis. A capital do  imenso Império Persa dominou a cultura na antiguidade (500 a.C).

Os persas foram os primeiros grandes gourmets da história da humanidade. Costumavam secar as frutas para melhor conservá-las e também retirar-lhe o açúcar. Através de compotas, ele era passado para a água em que era conservado. O figo seco e em calda é umas das grandes criações desse Império tão rico. Gregos e romanos certamente agregaram em sua gastronomia muito da cultura persa e é bastante recorrente encontrar o figo in natura ou seco em relatos da época.

O século V a.C.  foi talvez um dos mais férteis e fascinantes da história da humanidade. Nele viveram Dario, Xerxes, reis da Pérsia, Buda, Confúcio, Heródoto e Sócrates. Nele, se conceberam ideias espirituais, filosóficas e políticas que foram base para construção de nosso mundo moderno.

Se você é apaixonado (a) como eu por essa época, crie coragem e enfrente as 789 páginas do romance do escritor Gore Vidal, ”Criação”. Confesso que venho lendo homeopaticamente desde 1985. Como um livro de cabeceira, sempre volto para fisgar o começo dos questionamentos que inquietavam os grandes pensadores. E, sobretudo, para colher os hábitos de alimentação. O figo e o café são recorrentes nessa época.

Experimentem a receita, essa mistura é muito gostosa. E, depois desse texto, ficou altamente filosófica, não é mesmo?