Outro dia, Marcia e eu fomos convidadas para o sitio Tico Tico, de uma de nossas amigas. Ângela Aranha, dona da ”Casa de Livros”, simpática livraria dedicada a títulos infanto-juvenis. Foi nela que redescobri o encantamento infantil de ouvir contadores de histórias, função que nossas avós, mãe e tias já praticavam de maneira informal e hoje se tornou profissão. Palavras parecem se libertar em imagens na fala de um bom contador de histórias.
Logo cedo, com Ângela ao volante, saímos para o Tico Tico nos sentindo Emilias, Pedrinhos e Narizinhos rumo ao sítio do Picapau amarelo. Aranha parou na estrada para comprar galinhas… Sim, galinhas. Com a mesma familiaridade com que ela escolhe os livros que vão compor a vitrine da livraria. Logo que as aves entraram no carro, vestidas na mesma saca de café, pensei que as ilustres passageiras não se comportariam bem, mas não é que esses bichos meio bobos, que mais conhecemos no prato, comportaram-se feito ladies em colégio de freira! Logo nomeamos as meninas de Marcita e Stelita. E na chegada elas já foram introduzidas à corte do galinheiro, sob o olhar insolente do galo Beto Carreiro e ares alvoroçados das outras galinhas.
Ângela aproveitou o arredor para colher mandioca, coentros e camomila. E foi daí que nasceu essa primorosa receita. Certamente você não terá sempre um sítio aos seus pés, portanto abuse das benesses do mundo urbano: mandioca descascada, alho desidratado, cápsula de camomila…
E sabem o final da história. Depois do purê pronto, devorado e glorificado, voltamos ao galinheiro. Descobrimos na pele da Marcita o que era a “ordem das bicadas”. O galo tinha detonado Marcita de pele à pena, ela mais parecia um casco de tartaruga de tão encolhida.
Tiramos a moribunda do galinheiro junto com Stelita, que ainda resistia bravamente aos maus tratos do arrogante Beto Carreiro. Marcita, depois de muito pouco tempo, recuperou-se e foi cuidar da vida na mata ao lado. A outra ficou um tempo em outro galinheiro e começou a botar ovos.
Mas querem saber os finalmentes mesmo? Beto Carreiro, o galo, que era presunçoso, atrevido e não respeitava as galinhas, foi pra panela. Hoje, a harmonia impera no galinheiro: Ângela arranjou um galo que é um lorde, Beto Carreiro II. Stelita, Marcita e todas as outras dobraram a produção de ovos e serão felizes para sempre.
Moral da história: uma boa receita, quase sempre vem acompanhada de uma história.
Ingredientes
- 800 gr de mandioca cozida e passada no espremedor
- 2 cápsulas de chá de camomila TRES®
- 2 dentes de alho cortados em lâminas
- 1 colher (sopa) de manteiga
- ½ xícara de leite
- Sal e coentro a gosto
Modo de Preparo
Refogue o alho na manteiga. Quando estiver começando a dourar, coloque a mandioca e o leite. Misture bem.
Acrescente o chá de camomila, mexendo sempre. Acerte o sal.
Por fim, coloque os coentros picados. Sirva com linguiça ou salsicha de frango.
Adorei a receita e, principalmente, a história.
Olá, Regina.
Além de uma cozinheira de mão cheia, nossa amiga Stela Morato é uma ótima contadora de histórias.
Obrigado pelo elogio.
Muito prática essa receita!
Prática e deliciosa, não acha?
MMmm deve ficar melhor ainda sem o coentro, hehehe, brincadeira. Aliás muito louca essa história da ordem das bicadas, muuuuito diferente do que os humanos fazem. Será que elas aprenderam com a gente?
Olá, Fernão. Você pode adaptar a receita do jeito que mais agradar seu paladar. Também achamos a história das tais bicadas muito curiosa. Obrigado pelo comentário.