Purê de batatas com café

O livro 1493 do jornalista Charles Mann trata das migrações de micróbios, animais e plantas pelo mundo numa espécie de globalização 1.0 e faz a seguinte afirmação: “(…) hoje você é capaz de ler um livro inteiro de história da Europa e não achar uma única menção à batata. Não seria certo dizer que a batata criou a Europa moderna, mas não dá pra negligenciá-la.”

Esse tubérculo, que era base da alimentação andina, foi um tremendo combustível que evitou episódios de fome na Europa Ocidental. Esse momento histórico é oficialmente retratado em “Os comedores de Batata” de Vincent Van Gogh. No quadro, há uma representação da a mesa dos camponeses e trabalhadores das minas na Holanda durante a refeição. Tão importante na alimentação daquela época, a batata consistia no prato único e uma grande benção trazida pelos espanhóis e disseminada por toda Europa. Engraçado é que quando a expedição de Pizarro chegou ao Perú no século XVI, encontrou um considerável cultivo de batatas por toda região dos Andes e achou que eram trufas brancas.

Dentre todos os alimentos de maior consumo no mundo (batatas, milho, trigo e arroz), a batata é aquele que dá a maior quantidade de nutrientes e refeições por hectare. Das muitas receitas que esse generoso tubérculo pode proporcionar, o purê é um dos mais prosaicos e passíveis de diversas conformações. Essa é muito boa! Trata-se de uma sofisticação singela, se é que esses dois adjetivos possam compartilhar o mesmo lugar num prato.