Patê de tomate da mamãe

Esse patê de tomate era personagem obrigatório nas festas de adultos e crianças na minha infância. Há uns meses atrás, confisquei o caderno de receitas da minha mãe, escrito com a bonita letra do meu pai com uma Sheaffer, caneta esta que até hoje ele exibe com orgulho (e que permanece intacta nesses últimos 65 anos).

O caderno de receitas nem tanto, amarelado, engordurado, com as extremidades das folhas dobradas como um cabelo “gatinho” – como bem deve ser um caderno que singrou gerações na cozinha. A história dele é curiosa. Mamãe conta que quando papai ia visitá-la em Campinas (já que ele é paulistano), sentava-se à mesa da cozinha e pedia para Tia Mira, a verdadeira quituteira da família, ditar-lhe as receitas.

Certamente era assim que ele ia tirando as dúvidas e observando aquelas mãos habilidosamente esgrimando, com facas, colheres de pau e panelas, a próxima refeição. Neste caderno, desenhos de abobrinhas, cebolas e vários ingredientes adornavam as páginas, comprovando as não menos talentosas mãos de meu pai para o ofício do desenho.

É com muito carinho que passo essa receita a vocês, e certamente farei como entradinha no almoço do Dia das Mães. Para minha família, será um relicário de lembranças. Mas para quem não conhece, uma boa surpresa de sabores.