Mouse de frutas com Frisco

Quando eu preparava essa receita, uma deliciosa imagem infantil me veio à memória: o desenho animado dos “Jetsons”. Produzido pelos estúdios Hanna-Barbera, estreou em 1962 e se passava no ano 2062. Eu ficava encantada com as formas futuristas da arquitetura e com a facilidade com que a vida deveria se desenrolar naqueles futuros longínquos 100 anos. A cozinha, um dos meus lugares favoritos, não tinha nenhum bacalhau ou salame pendurado à espera do preparo. Não havia nenhuma cesta de frutas com algumas meio passadas, garrafas de temperos e azeites à vista nas prateleiras ou bacias cheias de verduras que esperavam na água para serem encaminhadas à geladeira. Não, a cozinha do meu desenho era ascética com um painel cheio de botões, que quando tocados, já despachavam a comida prontinha montada no prato.

O mais engraçado no roteiro é que a alta tecnologia, desde a entrega do “jornal” que parecia o falecido Laserdisc, o “videofone” igualzinho ao Skype, hoje são tão corriqueiros quanto o salame pendurado na cozinha de minha infância. No entanto, os costumes do desenho é que me intrigam. Rosie, a “empregada robô”, é praticamente uma releitura de Prissy, a empregada do filme E o vento levou, com direito ao clássico uniforme de copeira.

A família perfeita de comercias de margarina, papai, mamãe e um casal de filhos com um cão, mantém o padrão dos anos 50 – só faltou a cerca branca, vítima dos prédios elevados nas alturas. Papai leva os filhos à escola em seu “disco voador” antes de ir trabalho e deixa sua mulher num centro de compras, que na apresentação, recusa uma nota de dinheiro, mas fica com sua carteira. Será que é tão mais fácil imaginar tecnologia futuras do que mudanças de costumes? Parece que é o que diz o desenho. E cinquenta anos depois… aqui estou eu preparando uma sobremesa em que abre-se 2 latas, um pacote e aperta-se um botão. Mas não se esqueçam de cortar as frutas, para lembrar que ainda somos um pouco primitivos.

Para quem não se lembra do desenho, confira a abertura abaixo. Relembrar é viver!