O querido leitor, Ricardo Minoda, avivou em minha memória um hábito familiar recorrente: misturar Fernet ao café servido após as refeições. A bebida, feita com álcool de uvas e mil e uma ervas, foi inventada em Milão em meados do século XIX. Dizia-se medicinal e foi fartamente usada durante uma epidemia de cólera que atacou o mediterrâneo em 1865, mas eu não vou tão longe com esta crença. Talvez fosse uma boa desculpa para beber sem culpa, porem, acho que a culpa alcoólica nasceu muitos depois. Em nossa família, o costume de misturá-lo ao café era considerado um meio termo entre o prazer e a correção, batizado inocentemente de digestivo.
Ricardo também me fez lembrar como o Fernet é consumido em Buenos Aires, nos cafés com ares de bebida nacional. Certamente advindo da alta concentração de imigrantes italianos no país. No Brasil, a bebida aterrissou com um ar mais debochado entrando fortemente pelas portas escancaradas dos botecos. Misturado à cachaça, nomeou o consagrado “rabo de galo”.
O Fernet pode ser encontrado na cor clara e escura e ainda mantém a categoria de bebida “classuda”. Quem assistiu o ultimo Batman de Christopher Nolan deve se lembrar da cena em que Alfred, o mordomo degusta o incontestável num belo cálice numa praça em Firenze.
Vamos ao digestivo? Adicionei uma colherinha de extrato de gengibre para dar um toque mais ardidinho. Querem experimentar? Para fazer é super simples, basta colocar um pouco de Fernet e uma colher (chá) de extrato de gengibre no café coado ou expresso.
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