Bolo de Mandioca Manuê

Recebi uma mensagem do leitor Edilson no post do Bolo Pé de Moleque, contando com água na boca o sabor do bolo Manuê (típico de Pernambuco) que sua mãe preparava. Eu não conhecia e fiquei curiosíssima. Fui atrás da receita no livro do Gilberto Freyre “Açúcar, uma sociologia do doce com receitas de bolos e doces do Nordeste do Brasil”. Lá estava ele. Com a linguagem do engenho, que eu tive de recorrer às notas do editor para entender: “1 ½ litro de massa de mandioca fresca…”que nada mais é do que a farinha de mandioca ou bijou. E a receita continuava poeticamente: “amassa-se tudo, até que se possa enrolar o que se faz em folhas de bananeira cortadas retangularmente. Assa-se em forno quente.” Essa provavelmente é a receita que a mãe de nosso leitor Edilson praticava.

Bolos, agrado mor das comemorações, dos mais simples aos mais espetaculares, carregam esse atributo em cada migalha. Talhados por nossas avós, tias e mães, são o ponto alto da festa. Seja em casamentos, aniversários ou a prosaica visita do filho/neto numa cozinha ainda quente do forno para acompanhar o cafezinho da tarde.

Edilson, confesso que cometi um sacrilégio ao fazer uma atualização no bolo da mamãe. Vou me explicar: não é muito fácil para qualquer mortal encontrar folhas de bananeira para assar o regalo. Substituí a farinha de mandioca por mandioca fresca ralada, assim fica mais fácil assar na forma, pois a massa fica mais líquida. Para ser assado na folha de bananeira, a farinha de mandioca (massa de mandioca) é a mais indicada, como diz Freyre, para enrolar.

E, por fim, coloquei o cafezinho dentro do bolo, aquele mesmo de tomar na acolhedora cozinha das mamães e vovós. Se preferir, deixe-o de fora. Ele vai bem de qualquer maneira.