Bala de Coco com Cappuccino

Quem é que não gosta dessa bala derretendo na boca? Açúcar puro…terno sabor do pecado. Tenho as maiores lembranças de uma comitiva feminina – mãe, tia, avó, irmãs e primas, todas amontoadas na cozinha para “puxar” a bala de coco. Dá para perceber que em minha infância, essa confraria se fazia numerosa e feminina. Nos dias de hoje, seria certamente mais escassa e intermeada de presenças masculinas, já que atualmente, os meninos adoram ir para à cozinha desde cedo.

Voltando à minha infância, o dia da criança era comemorado muitas vezes com todas as meninas juntas fazendo bala de coco. Porém, não chegávamos perto da enorme panela de alumínio com alças de cobre que vovó e tia Élydee montavam sobre o fogão, fumegando o perfume açucarado. Mas já podíamos lambuzar de manteiga a bancada de mármore branquinha e, depois do feito, tínhamos permissão de brincar de lambuzar umas às outras com as mãos escorregadias enquanto a bala chegava ao ponto. Aquele momento exato em que uma colherada do líquido era despejada num copo d’água e, surpreendetemente, tomava forma de bala.

Daí, o processo de despejar o conteúdo da panela na bancada era coisa só dos adultos. As crianças observavam “aquela lava” a uma distância segura e logo poderiam ter nas mãos para efetuar a transmutação de puxa em bala dura. A cor era translúcida e brilhante, quase radioativa e contrastava com os materiais opacos dos utensílios da época.

Enquanto esfriava, ficávamos ao redor da bancada contando o tempo de ter aquela maciez morna nas mãos. Era incrível como a bala perdia sua transparência e virava um enorme cordão de pérola que depois seria cortado com a tesoura. A gente recebia pequenos pedaços para puxar, compatíveis com nossas pequenas mãos. Já as mulheres se revezavam nos grandes. Às vezes, cada uma ficava com uma ponta para dar conta do oficioso trabalho.

Quando refiz o passo a passo aqui em casa, percebi o quanto pode ser divertido fazer com as crianças. Este seria um belo presente para o dia que poderá perdurar pela vida como um afago na memória de todos os sentidos.