Assado com molho de café

Em minhas andanças pelo site Estante Virtual, onde me abasteço das raridades esgotadas nas livrarias e editoras, garimpei uma joia inigualável. Um livro de receitas intitulado: “Café – receitas de bolos, sobremesas, bebidas e sorvetes”, de Helmut Ripperger editado no Brasil pela José Olympio em 1944.

O título original “Coffee Cookery” vinha acompanhado no prefácio da biografia do autor: “(…) gourmet erudito com paladar que bons produtos da cozinha inglesa, francesa, austríaca, italiana, tchecoslovena (sic), aprimoraram durante nove anos em que ele, como funcionário do Foreign Service dos Estados Unidos, viajou pelo mundo. Com o variado e curioso material que recolheu relativamente ao café, organizou esta pequena antologia, onde se encontram manifestações da presença do café em velhos textos, nas cogitações dos grandes homens, nos versos de grandes poetas, e igualmente na arte dos mestres do forno e fogão, dos barmen ilustres, das modernas donas de casa”.

As páginas adoravelmente amareladas e o carimbo da biblioteca ao qual pertenceu conquistaram meu coração antes mesmo das receitas. Acredito que tenha sido o primeiro livro de receitas editado no Brasil dedicado ao café. Alguém conhece outro mais antigo? Esta receita, a única salgada, compartilho com vocês junto com uma frase pescada nas páginas amarelecidas”, que não menciona o autor: “É este o licor dos poetas amados, desconhecido de Virgílio e por Voltaire adorador”.

Gostei do molho ferrugem remanescente no assado. Combinação perfeita de iguarias, café e pimenta. Tão singelo e redondinho quanto a rima da frase acima.