Eu não conhecia o sabor da colheita. Quando criança, fantasiava com as histórias que meu vô Zé contava sobre os cafezais que enfeitaram sua vida. Ele passou sua infância na roça e dedicou grande parte de sua fase adulta administrando fazendas de café na cidadezinha Echaporã-SP, perto de Bauru e Marília. “Duro mesmo era carpi tudo aquilo fia, o resto era só festa na colônia”, conta com sorriso nostálgico. Depois de tanto tempo escutando essas histórias, tive a oportunidade de entrar em uma plantação de café de verdade e colher alguns grãos esta semana. Ele ficaria orgulhoso de mim!
Obviamente não era uma colheita oficial e nem tinha milhares de pés de café como meu avô estava acostumado. Foi bem no coração da cidade de São Paulo, no Instituto Biológico da cidade, que coloquei o chapéu de palha e tomei lições de como colher propriamente o grão de café. O encontro simboliza o início da colheita no estado de São Paulo e procura valorizar e unir cada vez mais as pessoas deste meio. Atualmente, o local abriga o maior cafezal urbano do mundo e conta com 1.530 pés de café arábica das variedades Novo Mundo e Catuaí. No passado, em 1940 para ser mais exata, ele era usado para desenvolver pesquisas para combater pragas dos cafezais, tais como a broca-do-café. Atualmente, a grande função da plantação é didática. Ele recebe a população para conhecer o cafezal, dar um embasamento cultural e histórico da produção de café; ensinar particularidades sobre sistema de análise do solo, adubação e também como o café é beneficiado.
A ideia de se plantar café em plena Vila Mariana surgiu quando o senhor Aldir estava no sexto andar do prédio do Detran, que fica ao lado, e viu um grande vazio entre os muros do Instituto Biológico. “Na época, conversei com o diretor daqui e decidimos plantar café”, conta. Os 1.530 pés plantados foram gentilmente doados por uma cooperativa da cidade de Garça. Os benefícios desta aventura foram enumerados pelo engenheiro agrônomo. “É um pedaço de verde nesta selva de pedra. Colabora com o meio ambiente, atrai pássaros e ainda ajuda no turismo. Muitas vezes, estrangeiros que nunca viram um pé de café tinham que viajar mais 100km até Campinas para conhecer a planta. Com esta plantação aqui, pertinho de Congonhas, facilitou a vida”, explica.
O encontro reuniu também o Secretário de Agricultura e Abastecimento, Antônio Queiroz; o ex-presidente da Associação Brasileira da Indústria do Café – ABIC, Américo Sato e o Diretor Executivo da ABIC, Nathan Herszkowicz. Foi ele que contou que a ideia inicial de fazer esta festa – Sabor da Colheita – foi inspirada por uma festa do vinho de um bairro parisiense e sugerida pelo amigo Eduardo Carvalhaes. Este festival em particular, chamado Fête des Vendanges de Montmartre, celebra a produção de vinhedos plantados no coração de Paris. “Quando eu vi aquilo tudo, pensei – porque não fazemos o mesmo com o ‘nosso vinho’: o café?”, conta Carvalhaes. O sucesso da ideia já conta com sua sexta edição.
Se você não quer ficar de fora dessa, ainda dá tempo de se encantar com os pés de café carregados do Instituto Biológico. Agende uma visita e leve a família para uma colheita bem diferente. Você será transportado para outro mundo, mesmo estando dentro de uma metrópole.
Quer ver um pouco mais sobre minha primeira colheita? Confira as fotos em nosso facebook.
Serviço:
Sabor da Colheita do Café 2011
Local: Cafezal do Instituto Biológico
Rua Conselheiro Rodrigues Alves, 1252 – Vila Mariana – São Paulo/Capital
Telefone: (11) 5087-1703
E-mail: mibio@biologico.sp.gov.br
http://www.biologico.sp.gov.br/
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