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Prática e emocional

As lascas na borda da porcelana do estrategista digital Johannes Wiegerinck – resultado de idas e vindas entre trabalhos – mostram, de cara, que ela tem muita história para contar. São tantas, que nem o próprio dono conhece todas, mas consegue resumir muito bem seu significado: “Era uma das canecas de minha avó. Temos um relacionamento perfeito: prático e emocional. Emocional, pois tenho uma memória muito tenra de minha avó, diretamente associada à caneca. Prática, porque ela é enorme e comporta bem as quantidades obscenas de café que eu tomo”, conta.

Ele explica que, mesmo não conhecendo sua origem, lembra que a peça sempre esteve na casa de sua avó: “Nunca cheguei a perguntar de onde veio, mas como está escrito em inglês, suponho que tenha trazido em alguma de suas muitas viagens. Quando ela faleceu, uma das coisas que peguei pra mim foi essa caneca. Desde o meu primeiro trabalho ela está comigo”.

Coincidência ou não, foi também por causa do trabalho que começou a tomar café. Ela conta que “a paixão surgiu por necessidade. Quando comecei a trabalha e estudar, não tinha condições físicas para me manter acordado. Eis que comecei a tomar. Ele me deixa mais concentrado, desperto e me ajuda com a memória”. Johannes conta que, só depois o gosto em si chegou. Foi aí que ele passou a beber pelo “prazer sensorial e não apenas pelo pragmatismo”.

Por gosto ou por necessidade – ou os dois juntos –, hoje ele toma todos os dias, em um total de 4 ou 5 canecas por expediente de trabalho. Já aos finais de semana, tem o hábito de frequentar cafeterias com sua mulher para “contemplar uma conversa, curtindo um café”. Toma mais espressos, sempre sem açúcar ou adoçante: “para mim, ele é melhor em sua forma pura e em grandes quantidades”, brinca.

Curioso é saber de uma das primeiras lembranças de Johannes com o líquido: “Lembro da primeira vez que eu percebi que o grão era algo poderoso. Estava na 6ª ou 7ª série e o professor de história falava sobre o Iluminismo Cultural do século XVII. Ele disse que a bebida foi um fato importantíssimo para essa revolução. As pessoas tomavam muita cerveja e gim e, quando trocaram para o café, começaram a ser mais produtivos e ousados. Pensei: Ei, há de se respeitar isso”!

Por: Lucas Tavares

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