Na cor verde, além de servir seu café, ela é sua fiel escudeira por quase duas décadas. “O que mais eu poderia desejar?”. A peça especial do designer de games Cássio Borges do Carmo apareceu quando ele, aos 19 anos, estava no auge de sua independência e foi morar sozinho. Hoje, depois 21 anos e diversos obstáculos, a porcelana continua lá. “Durante alguns meses, perdi tudo o que conquistei de material e me vi sem ter aonde armazenar quase todos os meus pertences. A xícara foi única louça sobrevivente. Me dei conta de que existia esse vínculo, como se ela representasse um amigo que me viu passar muita dificuldade, me acompanhou e que dizia ‘Ainda assim, estamos juntos. E, mais importante: valeu a pena’”.
A situação foi resultado de uma “empreitada imobiliária infeliz” e Cássio teve até que morar em seu carro enquanto construía o projeto de sua nova morada. “Em minha primeira noite na minha nova casa, fazendo um cafezinho e pensando em quanto a vida nos ensina a cada experiência, percebi que meu vínculo com a caneca era maior que eu imaginava”, diz.
Ironia ou não, foi também em um momento delicado da vida que o designer pegou gosto pelo café. Em uma época de apertos financeiros, logo quando foi morar sozinho, veio a surpresa: “Guardado no fundo de uma cesta, lá estava um último pacote que era o até então desinteressante pó de café. Embora já tivesse tomado antes, o hábito surgiu neste dia em que, para enganar a fome, fiz meu primeiro café como ‘adulto’. Curiosamente, esta lembrança me é muito querida”, conta.
Hoje, com os problemas devidamente superados, Cassio “costuma tomar espressos eventualmente, porém nada substitui aquele coado manualmente, água na leiteira. Nada de cafeteira. Tomo diariamente: uma xícara pela manhã, outra ao final do dia”, diz. Claro, sempre na tal xícara verde.
Por: Lucas Tavares
Deixe um comentário