A jornalista Ana Guimarães também foi “infectada” pelo bichinho da gastronomia e rendeu-se ao mundo das panelas. Todas suas descobertas e pratos que a fizeram salivar estão narrados em seu blog – De Cuisine –, publicado pelo jornal paranaense O Diário. Como peça ilustre do nosso Museu, Ana inovou. Ela fala de uma caneca que a marcou, mas não existe mais (risos). Mesmo sem a caneca, vale a pena deliciar-se com a história contada em detalhes no texto abaixo. Divirta-se! Afinal o museu também é feito de histórias.
“Sempre fui uma criança no meio de adultos e talvez por isso eu tenha aprendido a me virar tão bem. Não passo aperto não! Tomei do pai o gosto pela comunicação e carros antigos, da mãe o gosto pela culinária e a vontade de estar com a barriga no fogão literalmente – pois isso me faz feliz!
Parei para pensar sobre a caneca ou xícara preferida. Descobri que não tenho uma hoje, mas já tive. Ou melhor, tenho sim – mas não é bem essa. Desde que me conheço por gente, na casa da mamãe havia uma caneca preta do Gato que Ri. Depois duas, porque uma delas ganhei do meu pai numa de nossas tantas e tantas idas ao restaurante em São Paulo.
Minhas memórias afetivas e gustativas estão fortemente relacionadas com o belo restaurante do gatinho tão simpático e comida que não me sai do pensamento. Lembro das vezes em que lá estive admirando os gatinhos que decoram o ambiente e escutando conversa de adulto… E se fechar os olhos sinto o cheiro do Brasado, que delícia!
Aquela carne fatiada, salada de acompanhamento, as massas e o couvert maravilhosos que foram testemunhas de tantas alegrias minhas. Há muito tempo não vou ao Gato que Ri, e a minha caneca preta – daquelas bem antigas – que eu tanto amava… Quebrou num dia daqueles em que a mão da gente parece não funcionar ao lavar a louça.
Acreditem: mulher feita, quase chorei por causa disso… Como se naquele instante se quebrasse o encanto da minha lembrança infantil, e todo o carinho do pai que tanto amei. É cristalino que nada disso aconteceu. Mas o peito ainda reclama e muito a falta desta pepita preciosa.
Um de meus melhores amigos foi a São Paulo em maio passado e pediu-me uma sugestão de restaurante na cidade que conheço tão bem. Eis que não pensei duas vezes ao indicar o gato querido de minhas lembranças. Confesso: com segundas e se possíveis terceiras intenções. Contei sobre a caneca, indiquei mais três restaurantes e continuei o fechamento da revista. Às 21h35minh recebi a ligação do amigo, perguntando-me se era um copo ou uma xícara o objeto da minha tristeza profunda na alma.
Dois dias depois o amigo apareceu-me o com o presente em mãos e me lançou uma tortura, maldição! “Escolhe. Uma é sua, a outra é minha.” Optei pela nova, não era daquela pretinha surrada – pois guardo a minha companheira pretinha na lembrança e dentro do coração!
Quem dera voltar no tempo e ter em minhas mãos a fiel escudeira em cima da mesa, ao lado da papelada do dia-a-dia, meia dúzia de canetas e a cabeça fervilhando de ideias! E enquanto o homem não inventa essa máquina e tampouco tenha este poder… Sou feliz com a nova xícara do gato, outra de bolinhas e uma naniquinha que logo será relíquia também (tinha umas vinte parecidas e restaram cinco). As pequeninas já abrigaram diversos cafezinhos e muitas sobremesas. A grande é pau para toda obra e a do gato… Acho que vou guardar numa redoma!”
Estamos esperando sua história também. Envie para contato@mexidodeideias.com.br e apresente sua caneca/xícara para o mundo!
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