O ovário, uma vez fecundado, gera o fruto que, para atingir a plena maturação, precisa de 7 a 8 meses, dependendo do clima e da variedade. Como já foi visto, o fruto é uma “pseudo” drupa ovóide que passa de uma cor verde inicial, quando imaturo, para um vermelho vivo ou também um amarelo imenso, quando maduro.
Analisando a cereja, do exterior para o interior, encontramos:
– Casca coriácea (fina e vermelha);
– Polpa amarela (mole e adocicada);
– Dois grãos, liso na parte interna e com um sulco pelo seu comprimento, convergindo na parte externa.
Cada grão, por sua vez, está protegido em seu redor por duas membranas, o pergaminho e a película prateada. A dimensão dos grãos varia no comprimento de 7 a 15 mm, na largura de 6 a 8 mm e no peso de 0,1 e 0,2 g.
Desde a descoberta da infusão da frutinha em água, são atribuídas magias à bebida, virtudes médica-terapêuticas e poderes excitantes. Vamos conhecer as substâncias químicas responsáveis por tais efeitos:
– Cafeína: descoberta no inicio do século XIX, faz parte da família dos alcalóides e é certamente a substância mais conhecida do café, contribuindo positivamente para o seu gosto amargo. A porcentagem varia segundo a espécie, de arábica ou robusta, e não sofre perdas relevantes após o processo de torra;
– Minerais: representados em sua maioria pelo potássio, encontram-se também pequenas quantidades de cálcio e magnésio;
– Proteínas: devido ao efeito da torra, desnaturam-se e transformam-se parcialmente em compostos castanhos chamados “melanóides”;
– Aminoácidos: devido ao efeito torra, decompõem-se liberando dióxido de carbono e reagem formando a parte aromática;
– Lipídios: o principal constituinte desta categoria é o óleo de café, contido no interior do grão. Exteriormente o grão apresenta também uma pequena quantidade de ceras;
– Hidratos de Carbono: contribuem para a formação de pigmentos castanhos (melanóides, caramelos);
– Água: a sua percentagem presente no café verde tende a reduzir-se até cerca de 1% devido aos efeitos de evaporações e transformações provocadas pelo processo de torrefação.
Bom dia Patrícia, sou consumidora do 3 corações, há dias estou seguindo suas matérias e isso tem me inspirado a saber mais do café e acabei fazendo uma crônica sobre o assunto que gostaria de compartilhar com você e com os leitores.
Segue a crônica, espero que goste…
Vai um cafezinho aí?
É interessante perceber a historia do café.Ele foi descoberto na Etiópia no séc IX. Diz a lenda que um pastor de nome Kaldi percebeu que o café dava mais vivacidade as suas cabras , após digerir as folhas e frutos do cafeeiro.
O café encontrou algumas resistências entre os árabes e , logo depois, entre os cristãos.Mas com o passar do tempo a bebida foi liberada e todos começaram a acreditar que ela favorecia a digestão, alegrava o espírito e afastava o sono.
Lembro-me dessas antigas fazendas, quando o café ainda era feito no fogão à lenha.Penso o quanto deveria ser acolhedor, no inverno, a família se reunir ali na cozinha, esperando o café e conversando.
Certa vez, dispus-me a ir em Milho Verde, um arraial perto de Diamantina sozinha de carro.Uma amiga , minha vizinha, sempre passava as férias lá e me ligou do arraial para que eu fosse para lá ver o paraíso de perto.
Sinceramente, eu não faço a mínima idéia como cheguei lá, pois não tenho a mínima noção de direção, erro as ruas, confundo as avenidas e se não houver placa indicativa, eu certamente vou me perder.
O fato é que quando cheguei no local indicado, a casa que minha amiga havia alugado estava fechada.Bati na casa do vizinho para saber seu paradeiro e ele pediu ao filho de aproximadamente 6 anos procurar minha amiga.Convidou –me para entrar na sua humilde casa.Todos assistiam a novela e ele me ofereceu um café fresquinho no copo de vidro.
Depois de uma viagem insegura como aquela, um cafezinho me caiu bem e eu me senti confortável e amparada com aquelas pessoas simples.
Quando eu ainda era estagiária, havia no núcleo de assistência judiciária da faculdade sempre um cafezinho e , às vezes, um bolinho.
Eu não gostava muito de acordar aos sábados pela manhã, mas o cafezinho e, às vezes, um bolinho estavam lá me esperando.Eu tomava café duas vezes , mas não importava,pois era um gesto de carinho e atenção com os estagiários, que ainda nem haviam se formado.Eu não bebia o café, eu bebia a atenção e o carinho.
Coisa mais desagradável é fazer fisioterapia, entretanto, está lá em cima da mesinha um cafezinho.Os exercícios fazem com que eu sinta sede.Então, bebo água e logo depois o café.
As cafeterias tão disseminadas hoje em dia, propiciam um ambiente acolhedor e aconchegante.
Se você vai a algum lugar e lhe oferecem somente água, não é a mesma coisa.O café é um gesto; você precisa esperar a água ferver e depois passar o café num ato de paciência.
O café não pode ser feito por pessoas ansiosas ou revoltadas, porque ele vai entornar e a pessoa vai se queimar.O café sempre é feito por pessoas com espíritos mansos.
E é por isso que eu tomo o café daqueles que pacientemente o fizeram e daquelas pessoas que atenciosamente me ofereceram.
Então, vai um cafezinho fresquinho aí?
Marinela, me encantei por sua crônica, principalmente quando fala: O café é um gesto; você precisa esperar a água ferver e depois passar o café num ato de paciência. O café não pode ser feito por pessoas ansiosas ou revoltadas, porque ele vai entornar e a pessoa vai se queimar.O café sempre é feito por pessoas com espíritos mansos. E é por isso que eu tomo o café daqueles que pacientemente o fizeram e daquelas pessoas que atenciosamente me ofereceram.
Parabéns pelo lindo texto!!! Compartilhe mais quando puder! Você enriqueceu muito nosso espaço!!!Obrigada. Abraço ; )
Oi!! Tenho uma planta de cafe no meu quintal, ela está carregada de graos, verdes ainda. Sou professional de culinaria e gostaría saber se tem algum jeito de aproveitar o fruto, sei lá, fazer sucos, bolos o mismo torrar (em casa) os grãos. Obrigada!