Na ocasião, os profissionais demonstram suas destrezas manuais. Para isso, é preciso ter habilidade de “rodar” e texturizar o leite e, depois, despejá-lo direto na xícara com café formando um desenho, o que é conhecido como Free Pour, uma das categorias da Latte Art (sobre a qual falarei num próximo texto).
De qualquer forma, eu, completamente leiga no assunto, fui lá conferir e, confesso, fiquei admirada com o que pude presenciar.
Por volta das 21h, jovens Baristas com faixa etária abaixo dos 30 anos começam a chegar no local. Num clima de descontração eles se cumprimentam e se ‘desafiam’ de forma saudável.
Do lado de fora, outros baristas param na porta da Suplicy, observam o que rola e quem está lá dentro e se perguntam se vão ou não participar. Pois é, o trio que por ali parou por alguns minutos parece ter desistido. O silêncio dos três, após muito observar, foi quebrado quando um deles perguntou “e aí, não vai participar?”, num tom de intimação. O ‘intimado’ não respondeu. Olhou mais um pouco e, ainda em silêncio, foi embora junto aos dois amigos.
Talvez pelo fato de baristas renomados, como Bruno Ferreira, encarregado de treinamentos da Suplicy Cafés Especiais, também integrante do Brazilian Barista Coffee Team (Equipe de Baristas Cafés do Brasil); Richard Kumagai, um dos mais experientes baristas da cidade; e o vencedor do último TNT, Plínio Eduardo dos Santos, estarem presentes entre muitos outros nomes.
Ou não, até por que, sinceramente, concorrência é o que não existe por ali. Pelo contrário. Todos parecem formar uma única e grande equipe. E, no fundo, é isso mesmo.
Assim que chegam, os baristas podem treinar na máquina de café expresso, pois nem todos lidam com o mesmo equipamento. Portanto, desde o início o balcão fica movimentado e repleto de trocas de experiências. Outros se espalham pelas mesas da cafeteria, aproveitam para colocar o papo em dia e, com a aproximação da Copa, até trocam figurinhas.
Os competidores são separados em duplas e a disputa é no “mata-mata”. Até a hora do anúncio de cada dupla competidora é divertida e solta, bem à vontade. Por trás do balcão, os Baristas se revezam e se ajudam. Do outro lado, outros profissionais que compareceram apenas para participar da noite, clientes curiosos, os três juízes e eu, claro, aguardávamos ansiosamente os desenhos nas xícaras de café.
Um Barista fica responsável por tirar o café expresso na competição. Este, não participa. Apenas entrega as duas xícaras para que cada competidor possa, após ‘rodar’ e texturizar o leite, fazer o desenho. Assim que eles terminam, exibem as xícaras para os juízes que se entreolham, contam, praticamente, “1, 2, 3” e apontam para a xícara que julgam ter a melhor arte, sem qualquer combinado. Obviamente, o que recebe dois votos passa pra próxima rodada.
Desenhos como corações, rosetas e tulipas (considerada a mais difícil) aparecem nas xícaras. Para o julgamento, apesar da informalidade, é analisado a dificuldade do desenho, simetria e contraste, ou seja, quanto tem de espuma (creme) cor de café e quanto tem de espuma branca.
O interessante é que Barista do nível, digamos, top, e iniciantes competem da maneira mais divertida possível ao mesmo tempo em que aprendem uns com os outros.
E não pense que não há concentração em meio a tanto entrosamento. Na hora do “vamos ver”, os Baristas se dedicam ao que fazem para apresentar o melhor que podem.
Prêmio? Tem, sim. Dentre os 16 competidores, quem faturou foi Richard Kumagai, que enfrentou o colega de trabalho Bruno Ferreira. Por ter vencido o campeonato, ele levou um cheque de R$ 300 e ainda o valor das inscrições. Ganhar “brincando”? Nada mal, não acha?
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