Categorias: Cultura

Passeio pela história do café

Recentemente contei sobre a exposição que o Museu do Café estava organizando e, como não poderia ser diferente, fui lá pessoalmente para conferir de perto. Por ser um museu e uma exposição histórica sobre o mundo cafeeiro, confesso que esperava encontrar corredores e corredores de documentos e estatísticas monótonas. Mas, para minha surpresa, eu estava bem errada.

O cenário era propício e facilitou a imersão. O centro histórico da cidade de Santos, que além de lindo, nos remete a um passado nem tão distante: paralelepípedos, calçadas estreitas, luminárias de época e trilhos de um bonde que ainda funciona. O porto (que fica bem ali pertinho) justifica a presença da Bolsa Oficial do Café próxima: afinal, sacas e sacas recém chegadas de diversas partes do Brasil na época eram negociadas bem ali, onde eu estava pisando. Só de estar ali no centro histórico de Santos, já valeu a pena. O poder imponente do prédio da Bolsa, que abriga hoje o Museu do Café, é de deixar qualquer um boquiaberto.

Com um nome bem longo – “A defesa do café faz história. Café: economia e política – as intervenções governamentais na economia cafeeira, 1905 – 1990” – a exposição é linda e de fácil acesso. O tour começou oficialmente depois do discurso emocionado do ex-presidente do Museu do Café, senhor Guilherme Braga, que enfatizou “O café financiou o desenvolvimento do Brasil. Ele fez, faz e continua fazendo história”.

Em um papo rápido com os historiadores responsáveis em reunir todo aquele material descobri que o grande desafio não foi reunir informações tão ricas sobre o assunto, mas “traduzi-las” em um discurso de fácil compreensão. “O mais difícil foi transportar uma linguagem que é relativamente árida – econômica – e que não é naturalmente visual para um discurso inteligível, claro e atraente”, conta o responsável pela equipe de pesquisa Erik Horner. Já o coordenador geral, Rodrigo Silva, explicou que esta foi a primeira vez que se organiza um material bem diversificado, o qual estava disperso em muitos acervos.

O museu divide seus dois andares entre três exposições permanentes e a recém lançada (que será temporária). Aproveitei a visita e fui xeretar todas as exposições, resultado: consegui material bem interessante para futuros posts (confira em breve aqui). O piso térreo, onde fica o pregão da bolsa, é dedicado às exibições fixas e à reprodução cênica de uma cafeteria dos anos 1920. Já o piso superior divide a exposição mais recente em: O café no tempo (uma linha do tempo com mais de 12 metros de comprimento; café – pesos e valores (balanças e valores em dinheiro da saca em períodos diferentes); café – documentos e memórias (livros de controle de venda e estoque); espaço multimídia (documentários do século XX sobre o assunto).

Conclusão: é um passeio lindo e educativo recomendável para todas as idades. Sai de lá com a alma alimentada e com um gostinho de “quero mais”. Foi lá, no cenário tão especial, que minha jornada no mundo do café foi oficialmente iniciada e minha busca por detalhes e pelo desconhecido será bem mais intensa. Aceito companheiros de viagens bem aqui, no Mexido de Ideias. Você vem?

Para mais informações sobre a exposição, veja o post anterior.

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