Vidas inteiras foram moldadas pelo café e sua produção. A época (principalmente entre os anos de 1905 e 1990) contou com altas e baixas, riquezas e prejuízos que se refletiu em vários aspectos da vida socioeconômica brasileira. Leis foram criadas, hábitos de convívio social foram estabelecidos e até mesmo o campo da arte foi afetado. Durante minhas pesquisas descobri que vários nomes importantes da literatura brasileira citaram de alguma forma o nosso “bom e velho café”. Monteiro Lobato, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andradre imortalizaram em suas palavras a magia do café e sua importância em diferentes aspectos.
Com tanto material bonito, decidi dividir com vocês um material bem rico. O poema Café Expresso, do escritor e jornalista Cassiano Ricardo, é um exemplo clássico de sua obra que propunha uma visão épica da história pátria, exaltava o bandeirismo, buscava a mitologia nacional, vinculava-se à civilização cafeeira e à civilização industrial.
Sobre o texto abaixo, fiquei emocionada. Uma viagem aos pensamentos no momento em que se recebe a sua tão merecida xícara de café expresso pela amanhã com olhos de quem viveu em 1928 (ano em que a obra fora escrita). Você verá que a rotina é quase a mesma em São Paulo, o que muda são apenas alguns detalhes. A moeda, por exemplo: no período em que um café custava 200 réis.
Café-Expresso
1
Café-expresso — está escrito na porta.
Entro com muita pressa. Meio tonto,
por haver acordado tão cedo…
E pronto! parece um brinquedo…
cai o café na xícara pra gente
maquinalmente.
E eu sinto o gosto, o aroma, o sangue quente de São Paulo
nesta pequena noite líquida e cheirosa
que é a minha xícara de café.
A minha xícara de café
é o resumo de todas as coisas que vi na fazenda e me vêm à memória
[apagada…
Na minha memória anda um carro de bois a bater as porteiras da
[estrada…
Na minha memória pousou um pinhé a gritar: crapinhé!
E passam uns homens
que levam às costas
jacás multicores
com grãos de café.
E piscam lá dentro, no fundo do meu coração,
uns olhos negros de cabocla a olhar pra mim
com seu vestido de alecrim e pés no chão.
E uma casinha cor de luar na tarde roxo-rosa…
Um cuitelinho verde sussurrando enfiando o bico na catléia cor de
[sol que floriu no portão…
E o fazendeiro, calculando a safra do espigão…
Mas acima de tudo
aqueles olhos de veludo da cabocla maliciosa a olhar pra mim
como dois grandes pingos de café
que me caíram dentro da alma
e me deixaram pensativo assim…
2
Mas eu não tenho tempo pra pensar nessas coisas!
Estou com pressa. Muita pressa.
A manhã já desceu do trigésimo andar
daquele arranha-céu colorido onde mora.
Ouço a vida gritando lá fora!
Duzentos réis, e saio. A rua é um vozerio.
Sobe-e-desce de gente que vai pras fábricas.
Pralapracá de automóveis. Buzinas. Letreiros.
Compro um jornal. O Estado! O Diário Nacional!
Levanto a gola do sobretudo, por causa do frio.
E lá me vou pro trabalho, pensando…
Ó meu São Paulo!
Ó minha uiara de cabelo vermelho!
Ó cidade dos homens que acordam mais cedo no mundo!
** RICARDO, Cassiano. Martim Cererê: o Brasil dos meninos, dos poetas e dos heróis
Sobre o autor –
Nascido em São José dos Campos (SP) em 1895, Cassiano Ricardo Leite estudou direito em São Paulo e Rio de Janeiro, foi editor, ensaísta, historiador, estudioso de temas sociológicos e pertenceu Academia Paulista e Brasileira de Letras. Sua obra apresenta diversos momentos: primeiro apresenta-se com características do Parnasianismo e Simbolismo e migra para o campo do modernismo com o passar do tempo. Explora temas nacionalistas e dedica-se também a temas mais intimistas e mais próximos da realidade observável.
Vem conferir esse Pavê de Café delicioso que só poderia ter sido feito com Café…
Vem conferir essa delícia de Pudim de Café que todo Brasileiro vai amar!
Vem conferir uma nova forma de fazer aquela Cocada que a criançada ama!
Vem conferir esse Bolo de Caramelo de Café que vai ser sucesso no café da…
Vem conferir a melhor receita de cocada para o seu arraia!
Vem conferir a receita de cupcake que vai ser a estrela do seu arraia!
Deixe seu comentário